12/05/2019
"O que a gente erra, não podemos apagar da vida. Mas, podemos voltar e fazer melhor da próxima vez e não repetir o mesmo erro. Tentar consertar e seguir em frente. Na vida não existe borracha, a gente não tem como apagar, mas podemos sempre fazer melhor. essa é a fala do Jean Matte de 13 anos, adolescente atendido pela ONG Verde Vida e que tem usado a arte para refletir sobre a vida.
Jean está estudando a reflexão do Zentangle, na prática da Oficina de Artes do Verde Vida, com a professora Lourdes Maria Fredo, mais conhecida como Luli. Este é um método de desenho que usa repetidamente, todas as formas geométricas e curvilíneas, seguindo um modelo, mas que dá a liberdade para criar formas conforme a imaginação fluir.
"É uma técnica que foi criada por dois artistas norte americanos: Rick Robert e Maria Thomas. Enquanto Maria desenhava o fundo de uma tela ela descobriu a sensação de liberdade que tinha esse trabalho. Como estavam sempre viajando eles pegavam pedacinhos de papel e em horas vagas, deixavam caminhos começados, repetições em vários destes papéis", conta a professora Luli sobre como começou este método.

Segundo a professora, a intenção no começo é livre e após fazer o desenho em tiles (papel onde é desenhado o zentangle) de nove polegadas, os desenhos começam a ganhar formas que podem formar sequências de desenhos. Com isso, assim como Jean, os alunos do Verde Vida estão aprendendo por meio do desenho, entender e valorizar, algumas práticas do dia-a-dia como cidadãos.
"Um pequeno desenho dá forma para criar outro desenho aos poucos. É um passo de cada vez, é como o caminho da vida, não dá para atropelar. E é isso que abordamos nas aulas, traçamos um caminho, para o que queremos em nossas vidas, se errarmos não existe borracha, mas, pode-se buscar outro caminho. Esse desenho mostra o sentido do que nossos alunos querem fazer, ajudamos eles a refletir sobre algo tão importante que são nossas ações", finaliza a professora.
Transformando vidas
O presidente da ONG Verde Vida, Juacir Pereira de Souza, explica que o papel que eles têm na vida das crianças e adolescentes atendidos é o da transformação.
"Não basta dar três refeições e reforço escolar. O que tentamos fazer e por muitas vezes acertamos e conseguimos, é fazer com que o aluno que passa por aqui, entenda que ele é o agente da vida dele. Ele precisa aproveitar as oportunidades que aparecem, estar aberto para o aprendizado e não ficar preocupado com o que fez ontem, mas sim com a mente aberta, para que possa fazer daqui para frente o correto", ressalta o presidente.

Crianças e adolescentes atendidos
Em 2019, ano em que o Verde Vida completa 25 anos, a ONG atende 138 crianças e adolescentes de segunda a sexta-feira nos turnos matutino e vespertino. De acordo com o coordenador da Área Social Odair Balen, além das crianças, pessoas da comunidade também são atendidas, mas, em horário noturno.
"Temos por exemplo, uma oficina de hip-hop, que fazemos por meio do projeto Propaz. Também tem o futebol de salão feminino e masculino, que fazemos em um ginásio que fica mais ou menos perto da ONG e todos que quiserem participar estão convidados. Mais tarde, quando a base da Polícia Militar que está sendo construída em frente a ONG ficar pronta, estes jogos de futebol de salão serão transferidos para o Caíque que fica aqui na frente do Verde Vida", encerra o coordenador.
O Verde Vida conta com 14 oficinas entre elas estão: informática, teatro, artesanato, artes, violoncelo, xadrez, circo, percussão entre outros. Além disso, a ONG também fornece aos alunos reforços com as disciplinas de português e matemática.
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